ARANHA MARROM
Existem duas aranhas potencialmente perigosas que oferecem risco aos cães. A primeira é aranha-marrom (Loxosceles sp), este aracnídeo tem hábitos noturnos, é pouco agressiva e de tamanho reduzido (1cm). Geralmente mora em casa escondida em locais escuros, ataca somente quando é ameaçada, senão opta sempre por tentar fugir. Logo após a picada o animal apresenta poucos sinais manifestando dor no local e cerca de 12 horas depois sintomas mais severos podem surgir. Estes incluem inchaço e vermelhidão local, febre, a urina pode adquirir coloração escura (“urina coca-cola”) e, muitas vezes, pode ocorrer comprometimento renal. Ao contrário do que muitos pensam, é indicado é evitar qualquer tipo de torniquete, já que ele pode comprometer o local afetado pela concentração de veneno. Já verificamos na rotina clinica a necessidade de amputação de um membro mordido pela realização de um torniquete que concentrou o veneno naquela área, levando a necrose e comprometimento total do membro. Evitar movimentar muito o animal e se possível aplicar compressas frias no local até chegar ao veterinário.
ARANHA ARMADEIRA
O segundo aracnídeo importante é a aranha armadeira (Phoneutria sp). Apresenta até 4 cm de comprimento, tem hábitos noturnos e gosta de estar em sapatos e roupas. Comumente são encontradas em casas de veraneio e de campo que ficam fechadas por muito tempo. Geralmente são agressivas e realizam ataques saltando na vítima. O veneno age rápido após a picada e, dependendo do tamanho do animal, pode levar ao óbito em poucas horas. A ação do veneno é na sua maioria no sistema nervoso central causando vômitos, dificuldade respiratória (animal ofegante e com dificuldade de inspirar), dor no local da picada e em todo o corpo. O período de maior agressividade da armadeira é entre março e abril que corresponde ao acasalamento, então neste período registramos mais animais picados. As recomendações no atendimento são as mesmas da aranha marrom, sendo que neste caso a procura por atendimento veterinário imediato é fundamental na sobrevivência do paciente.
Quando tratamos de cobras, o assunto é mais sério e com um risco de morte maior quando comparado às aranhas. São três as cobras que mais comumente picam os cães, todas são peçonhentas e potencial risco à vida do animal.
COBRA CASCAVEL
A cascavel (Crotalus sp) talvez seja uma das cobras mais conhecidas em função do chocalho na cauda. Esta cobra não é agressiva e geralmente tende a fugir quando se sente ameaçada, mas em muitas situações sua defesa é o ataque direto ao animal. A picada é muito dolorida e tem ação muito rápida com comprometimento do sistema nervoso central que leva à dificuldade de locomoção e alterações severas na respiração. Indica-se procura de atendimento veterinário imediato com sérios riscos de óbito do animal.
COBRA CORAL
A coral (Micrurus sp) é uma cobra com hábitos noturnos e raramente ataca algum animal, geralmente quando esta encurralada ou quando é mordida, ataca para conseguir fugir. Seu veneno é potente e tem múltipla ação no corpo, muitas vezes não há tempo de procura de ajuda veterinária. O maior comprometimento que pode levar ao óbito é a paralisia muscular que compromete o diafragma (músculo que divide tórax e abdômen e é responsável pelo movimento respiratório) e o animal tem falência respiratória.
A jararaca (Bothrops sp) é bastante venenosa, tem hábitos noturnos e foge rapidamente quando avista alguma ameaça. Tem
COBRA JARARACA
grande facilidade de camuflagem e muitas vezes ao andarem na mata os cães pisam sem querer em algum tronco de arvore ou monte de folhas onde a cobra está camuflada e assim pode atacar. A mordida é bastante dolorosa, gera lesões severas no local e apresenta comprometimento sistêmico também. A procura pelo veterinário imediatamente é fundamental para reduzir o risco de óbito do animal.
Dra. Viviane Dubal – CRMV/RS 8844
Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e proprietária da Clinica Veterinária Saúde Animal em Porto Alegre. Contato: vivianesd@bol.com.br
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