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Mau hálito

O mau hálito do pet é uma constante reclamação da rotina clínica. Muitas vezes os proprietários relatam que o cão ou gato tem odor desagradável, mas não conseguem definir sua origem. Daí cabe ao veterinário identificar se provém da boca, conduto auditivo, olhos, pêlo, pele ou região genital. Após definido a origem do problema, passa-se a análise de suas causas.

Existem várias razões que levam ao odor desagradável da cavidade bucal, a retenção de restos de alimento que podem se manter presos a língua ou dentes e iniciar decomposição é uma causa comum do problema. Dietas que envolvam alto teor protéico podem levar a fermentação do alimento no estômago e liberação de gases que são eliminados pela boca gerando um cheiro forte. Outra causa é a fixação de corpos estranhos na boca como pedacinhos de madeira ou restos de ossos que iniciam um processo infeccioso levando ao mau cheiro. Alguns animais adotam alguns hábitos estranhos como a ingestão de fezes (coprofagia) que levam ao mau hálito intenso, essa mania pode ser relacionada com problemas comportamentais (tentativa de chamar atenção ou tentativa de se distrair quando estão entediados), carência de nutrientes na dieta, fornecimento de alimentos como presunto/chester que produzem cheiro intenso nas fezes tornando-a atrativa ao animal ou ainda doenças sistêmicas como pancreatite. Existem algumas outras doenças que podem levar ao mau hálito como tumores na cavidade bucal, problemas respiratórios, alterações renais, entre outros. No entanto, vamos dar ênfase ao problema mais comum que vemos como causa do cheiro desagradável da boca de cães e gatos: doença periodontal.

A doença periodontal consiste no acúmulo de placas de tártaro nos dentes e multiplicação bacteriana dessa placa dental causando uma infecção local. O cão e o gato apresentam características fisiológicas que propiciam maior facilidade de acúmulo da placa. A doença periodontal envolve os tecidos moles e duros que fixam as raízes e permitem a manutenção do dente firme na boca. Quando ocorre o problema, muitas vezes a estrutura do dente é alterada e ocorre o amolecimento ou queda do mesmo, causando muito desconforto ao animal tanto pelo fragilização do dente quanto pela gengivite que ocorre. Os sinais que o pet apresenta incluem cheiro ruim da cavidade bucal, relutância em ingerir alimentos firmes, emagrecimento e também há possibilidade de febre. O tratamento deve ser realizado sob anestesia com limpeza dos dentes, extração daqueles que estão comprometidos e polimento dos dentes restantes. Alguns dias antes da cirurgia indica-se tratamento com antibióticos que permanecerão após procedimento pelo tempo indicado pelo veterinário. A prevenção do problema deve ser realizado com alimentação adequada de boa qualidade de

preferência constituída somente por ração, escovação dentária com creme dental veterinário (por exemplo o

creme dental C.E.T da Virbac) e escova/dedeira, no mínimo uma vez na semana e fornecimento de brinquedos que estimulem a remoção do tártaro (por exemplo, Bone Clean). Ideal é acostumar animal desde pequeno à manipulação da boca, pode-se começar passando uma gaze delicadamente quando é filhote e evoluindo para escovação quando estiver maior.

A doença periodontal é um problema muito doloroso ao animal que pode alterar seu comportamento o tornando mais triste e sem entusiasmo para brincadeiras. Muitas vezes esses problemas são considerados por alguns como estética, mas na realidade é uma questão de saúde e bem-estar animal.


Dra. Viviane Dubal – CRMV/RS 8844

Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e proprietária da Clinica Veterinária Saúde Animal em Porto Alegre. Contato: vivianesd@bol.com.br

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