Filhotes todos bem com 25 dias, de repente, desencadeia uma diarreia de aspecto assustador em todos os filhotes. E AGORA O QUE FAZER?
Esse é um problema muito comum que acomete a maioria dos criatórios, não só os de Bulldog Ingleses, mas também os de outras raças. Se for diagnosticada rapidamente é de fácil controle, caso contrário você pode perder uma ninhada inteira. É uma doença causada por um protozoário flagelado, Giárdia Lamblia que infecta o intestino delgado de cães e outros mamíferos, incluindo o homem. Como muitos animais, inclusive os de estimação (como cães e gatos), também são infectados por Giárdia, eles podem tornar-se uma fonte da doença para humanos.
Nos cães os principais sintomas são diarréias, vômito, depressão e perda de peso. Uma vez instalada a doença, o animal fica mais suscetível a outras enfermidades mais graves e até fatais.
Normalmente a infecção ocorre quando o animal ingere o cisto (forma em que o protozoário se encontra nas fezes), seja através do contato com outros animais como pela água e outros alimentos contaminados. É importante lembrar que os seres humanos também podem desenvolver a doença e, neste caso, hábitos de higiene e programas anuais de vacinação dos cães são fundamentais para a proteção de toda sua família. O controle esta diretamente relacionado às boas práticas de higiene ambiental.
Os cistos de Giárdia sobrevivem no ambiente e, desta forma, são fonte de contaminação e principalmente reinfestação para os cães, sobretudo em canis.
A remoção imediata das fezes limitará a contaminação ambiental. Os cistos são inativados pela maioria dos compostos de amônio quaternário, água sanitária, vapor e água fervente. Os cistos contaminam também os pêlos dos cães, representando uma fonte de infecção, principalmente para as pessoas que tem um contato mais frequente com seus animais.
A giardíase é uma doença comum de cães, gatos e humanos, que frequentemente é subestimada. É uma zoonose importante e é imperativo que tanto o animal de estimação quanto à família protejam-se da infecção.
O tratamento pode fornecer um controle eficaz, mas, em muitas situações, as reinfestações são comuns, devido à dificuldade em se eliminar a fonte de infecção do meio ambiente. A maior prevalência das infecções por Giárdia ocorre entre os indivíduos jovens, sem resistência imunológica, e que são mais suscetíveis à ingestão de material fecal.
As fontes de infecção mais comuns são água e fezes contaminadas. A transmissão fecal-oral de Giárdia é comum tanto em animais como em humanos; os animais em confinamento podem estar expostos a grandes quantidades de cistos infectantes no material fecal, o qual aumenta as possibilidades de transmissão da enfermidade.
Os trofozoítos de Giárdia não sobrevivem no meio ambiente. No entanto, os cistos são resistentes a alguns fatores ambientais, como águas com baixa concentração de bactérias e contaminantes orgânicos, e suscetíveis a outros, como altas temperaturas.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos podem ser severos, porém uma grande parcela dos infectados pode permanecer assintomática, e os animais jovens são os que, mais frequentemente desenvolvem os sintomas. Os sinais clínicos da giardíase incluem diarréia mal cheirosa aguda ou crônica, vômito, dor abdominal, desidratação, perda de peso ou redução do ganho do mesmo. Não existem sinais característicos da giardíase, pois diversas enfermidades intestinais se assemelham a ela, como ocorre com as gastroenterites virais, as bacterianas e as causadas por outros parasitos. Também se assemelha às alergias de origem alimentar, à enfermidade da má-absorção, a gastroenterite induzida por fármacos e as enfermidades alérgicas.
Diagnóstico
O método mais indicado, hoje, para a detecção de Giárdia é o exame de fezes. Um fator importante é a necessidade de utilizar três amostras de fezes, coletadas em dias alternados, ao longo de uma semana. Isto porque a eliminação de cistos é intermitente, o que pode gerar resultados falso-negativos quando se utiliza uma única amostra. A maioria dos criadores e veterinários realizam apenas 1 exame e dando negativo já descartam a doença, se enganam completamente.
Tratamento
Os agentes quimioterápicos incluem os nitroimidazóis (metronidazol, tinidazol), furadolizona, benzimidazóis (febendazol, albendazol), entre outros. Dentre estas, o Metronidazol é a droga mais utilizada nos Estados Unidos para o tratamento da Giardíase. O Metronidazol possui além de sua atividade como antiprotozoário, uma atividade como antibacteriano, atacando bactérias anaeróbias como Clostridium spp., Fusobacterium spp., Peptococcus spp. e Bacteroides spp.
Raramente observa-se efeitos colaterais devido ao uso do Metronidazol, no entanto alguns animais poderão apresentar vômitos e diarréia. Por possuir efeito teratogênico, esta droga não deve ser utilizada em fêmeas prenhes.
Como foi mencionada anteriormente, a diarréia pode ser causada por infecções simultâneas por diferentes agentes enteropatogênicos. Deste modo torna-se interessante à associação de drogas ampliando o espectro de ação, como por exemplo, a associação de Metronidazol com a Sulfadimetoxina. Com efeito, enquanto o Metronidazol atua preferencialmente contra Giárdia, a Sulfadimetoxina age contra outros protozoários e bactérias patogênicas do trato gastrintestinal. Deste modo, a associação Metronidazol/Sulfadimetoxina representa um valioso instrumento terapêutico para o tratamento. O mesmo deve ser restabelecido caso não ocorra resolução dos sintomas. Existe a grande probabilidade do animal persistir eliminando os cistos nas fezes, mesmo após tratamento.
Vacina
Está provado que a vacina estimula o animal a resistir ao parasito, sendo uma solução efetiva em longo prazo para o controle desta enfermidade parasitária, já que a imunidade natural contra Giárdia é de curta duração. Mesmo que os tratamentos se mostrem eficazes, a reinfecção em animais é muito frequente, devido à dificuldade de se eliminar os cistos infectantes do ambiente. Um animal vacinado, além de protegido contra giardíase, não representará mais uma fonte de infecção a outros animais.
Autor:
Dr. Sérgio Laffranchi
Formado pela Faculdade de Marília, SP
CRMV 16.465
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