Foto: Dirk Boos
Ainda sobre a expectativa de vida de nossos Bulldogs, suas causas e possíveis prevenções, aproveito o assunto para registrar a grande importância do trabalho realizado pelo criador do qual será adquirido o filhote e novo membro da família.
Muito mais que reproduzir cães e gerar filhotes, o criador sério e verdadeiramente comprometido com a raça deve ter como pilar de seu trabalho a saúde dos cães que compõem o seu plantel, preocupação que merece ser sublinhada em se tratando da raça Bulldog, um cão com “anomalias” e “peculiaridades”, muitas delas na contramão daquilo que poderíamos considerar ideal quando pensamos em saúde e qualidade de vida de qualquer cão.
O Bulldog moderno – e isso, infelizmente, ainda é do conhecimento de poucos – é um cão que prima pelo temperamento dócil, pela saúde, pela elegância e harmonia de formas.
Porém, ainda vemos uma grande desinformação das pessoas e o uso indevido desse senso comum equivocado por parte de pretensos criadores preocupados exclusivamente com o comércio de filhotes.
Esse Bulldog, cujo “modelo” está ultrapassado, é um cão esteriotipado, com excesso de rugas e formas exageradas, e ainda se vê sendo criado e reproduzido como típico e fiel representante da raça.
Para que o internauta possa visualizar melhor, o Bulldog a que me refiro mais se assemelha a um filhote de Sharpei em termos de rugas no corpo e principalmente na cabeça. O tamanho do crânio está em desarmonia às demais partes do corpo. É “rebaixado”, com exagerada abertura de peito, e ostenta, no lugar do que deveria ser a linha elegante e suave de um topline, uma montanha russa que despenca dos quartos em direção à cernelha. Não tem pescoço, dando a impressão de que a cabeça está atarraxada ao corpo. Possui grande dificuldade respiratória, em constante ofegar, com “metros” de língua para fora. E, por fim, a trufa pequena e as narinas apertadas completam o quadro da dor de um a animal que sofre para viver.
Nem precisamos falar dos inúmeros problemas de saúde, inicialmente ocultos, que tais Bulldogs poderão desenvolver num futuro próximo, pois seus “criadores”, via de regra, não tiveram qualquer critério seletivo na escolha dos genitores.
Certamente estes falsos criadores são os principais CULPADOS pela baixa expectativa de vida ainda ostentada pela raça.
Por isso, não espere que o filhote levado para casa possua qualidades ou uma saúde melhor/diferente daquela herdada de seus pais.
Antes do ingrediente emoção, use uma boa dose de razão:
a) Jamais adquira seu Bulldog em feiras de filhotes, classificados, sites de venda de mercadorias ou através de qualquer outro meio onde o contato direto com o criador seja ocultado/dificultado;
b) Procure conhecer os cães, as instalações e o trabalho desenvolvido pelo criador antes de decidir onde comprar o seu filhote;
c) Fuja das barbadas, preços de ocasião, liquidações e quaisquer outras ofertas assemelhadas;
d) Pergunte, informe-se e tire todas suas dúvidas. Bons criadores farão questão de passar o máximo de informações sobre a raça e sobre o filhote que está sendo adquirido.
Estar informado e escolher um criador ético e responsável, antes de escolher o filhote, são as grandes armas com quais se poderá melhorar não apenas a longevidade da raça mas a qualidade de vida de nossos queridos Bulldogs.
Gilberto Medeiros
Colaborador do Bullblog e Criador de Bulldogs desde 2003
Canil Reserva do Rei
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