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Erliquiose e Babesiose

O que é?

A babesiose e erliquiose caninas são doenças comuns na clínica de pequenos animais, causadas por hemoparasitas (protozoários, bactérias, helmintos) que atingem os animais por meio da corrente sanguínea. O principal meio de transmissão destas doenças é o carrapato, já que se alimenta de sangue; sendo assim, é comum chamarmos estas hemoparasitoses de doença do carrapato.


Babesiose

A Babesia spp. é transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, também chamado de carrapato vermelho do cão ou ‘vermelhinho’ (Imagem 1). Através de sua picada, o protozoário é transmitido na corrente sanguínea, onde se adere aos eritrócitos (hemácias – células sanguíneas), se dividindo em até quatro indivíduos, destruindo a célula e produzindo uma infecção múltipla. O sintoma mais comum que o animal apresenta, é uma anemia progressiva. A forma aguda da doença atinge principalmente cães jovens, não fazendo distinção de raças, tamanho ou sexo.

Imagem 1: Carrapato Rhipicephalus sanguineus.
Imagem 1: Carrapato Rhipicephalus sanguineus.

Muitas vezes a babesiose pode vir associada com a erliquiose, agravando o quadro do animal. Cães infectados podem apresentar apatia, anorexia, diarreia, febre, anemia branda a grave icterícia. Se descoberta tardiamente, pode levar a morte.

O histórico do animal, associado à sintomatologia clínica, costuma ser suficiente para suspeitar de babesiose. Em regiões enzoóticas (onde a doença é muito mais frequente em uma população de animais), um diagnóstico de babesiose canina pode ser justificado se o animal estiver caquético, anêmico, infestado por carrapatos e com febre intermitente.

O método de diagnóstico realizado para a descoberta da doença é o PCR, sorologia, ou utiliza-se uma amostra de sangue periférico.

O tratamento costuma ter a associação de antibióticos e terapia suporte para o animal principalmente em casos mais graves ou crônicos.

A prevenção é sempre eficaz, e recomendamos a vigilância dos cães expostos à infecção, para que o tratamento seja realizado o mais rápido possível. O principal método de prevenção é o controle do vetor (carrapato), podendo utilizar anticarrapaticidas associados a limpeza do ambiente que o animal utiliza com maior frequência.

Erliquiose

A erliquiose é uma doença que causa imunossupressão não só em cães, mas como em canídeos selvagens também. É uma doença causada principalmente pela Ehrlichia canis (o gênero Ehrlichia compreende cinco espécies).

A erliquiose canina é mais comum em meses quentes onde ocorre maior desenvolvimento dos carrapatos; além de ser considerada endêmica em áreas urbanas do Brasil. É transmitida pelo mesmo vetor da babesiose canina: o ‘vermelhinho’, (Rhipicephalus sanguineus). Após a picada do carrapato, a primeira replicação da erliquia ocorre nas células mononucleares e nos linfócitos (células de defesa, chamadas também de glóbulos brancos).

A Ehrlichia pode ser dividida em duas classes: monocitrópicas ou trombocíticas – de acordo com a célula imune infectada. As monocitrópicas infectam principalmente monócitos circulantes e fagócitos mononucleares nos linfonodos, baço, fígado e medula óssea, causando hiperplasia linforreticular disseminada, organomegalia (linfadenomegalia, esplenomegalia e hepatomegalia) e anormalidades hematológicas.


A principal característica da fase crônica da erliquiose é o aparecimento de hipoplasia medular, que leva a uma anemia aplásica (condição em que o organismo deixa de produzir uma quantidade suficiente de células sanguíneas – hemácias). A erliquiose apresenta-se nas formas cutânea, nervosa e septicêmica; mostrando sintomas inespecíficos, que podem ser confundidos com outras doenças. E erliquiose, se não diagnosticada de forma rápida, pode levar o animal a óbito.

Os principais sinais clínicos são, anorexia, depressão, perda de peso, febre (39,5 - 41,5°C), secreção nasal e ocular, edema de membros, tosse, insuficiência renal e hepática, entre outros.


A fase aguda pode não ser evidente, passando despercebida pelo proprietário, e os sinais clínicos desaparecem sem tratamento dentro de uma a quatro semanas; porém, o hospedeiro permanece com a infecção subclínica.

O diagnóstico pode ser clínico e/ou laboratorial, onde o diagnóstico clínico é realizado através da suspeita pelos sintomas. O diagnóstico laboratorial se dá através de hemograma, exames bioquímicos e urinálise (exame de urina).

Para diagnostico laboratorial é realizado esfregaço de sangue periférico de ponta de orelha, porem nem sempre são encontrados parasitas. Outro método que pode ser utilizado, é o aspirado de medula óssea. Pode-se utilizar do método de ELISA para diagnosticar a doença, porém esse método pode dar resultados falso-positivos frequentemente.


O tratamento para essa doença é antibioticoterapia e tratamento suporte. Geralmente os sintomas melhoram a partir de 48h após administração de um tratamento eficaz. Quando o tratamento instaurado é apropriado, o prognóstico para a erliquiose é bom – valendo lembrar que o parasita nem sempre é totalmente eliminado do organismo, podendo haver recorrências da doença.

A prevenção da transmissão basicamente é controlar o vetor, utilizando carrapaticidas para interromper o ciclo de vida do vetor, já que não existe vacina para erliquiose. Há inúmeros produtos que podem ser utilizados para o combate do vetor, tanto no animal quanto no ambiente que habita.

Devemos lembrar que a ‘’doença do carrapato’’ é uma zoonose, ou seja, os carrapatos também podem contaminar os seres humanos, causando a febre maculosa.


Lembrem-se sempre:

- CONSULTE SEMPRE UM MÉDICO VETERINÁRIO DE CONFIANÇA

- NÃO PEÇA CONSULTAS ONLINE

- NÃO FAÇA RECEITAS CASEIRAS

Escrito por Luciana de Toledo (@luhtoledovet)

Revisado por Thaís Reichmann de Oliveira (@thais_reichmann)


Ressalta-se que:

As referências de base deste resumo vieram de trabalhos escritos por médicos veterinários e disponíveis publicamente online, boletins epidemiológicos e de plataformas online para profissionais e estudantes da área.


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