*Texto reproduzido originalmente no site Genética Canina
Você sabe o que é "aconselhamento genético"?
O "aconselhamento genético" é uma das áreas de atuação do Biólogo. Esta área, em conjunto com o Melhoramento Genético (área de atuação tanto do Biólogo como do Médico Veterinário e do Zootecnista) possibilita um trabalho centrado na melhoria da qualidade da criação. No Brasil, o aconselhamento genético é feito especialmente na Medicina humana, e auxilia casais a entenderem os riscos de nascimento de filhos com doenças genéticas. Já em países desenvolvidos, o aconselhamento genético para criações de pequenos animais vem se expandindo, e contribuindo muito para a diminuição da prevalência de doenças genéticas comuns de cada raça.
Boa parte do processo de aconselhamento depende de um trabalho em conjunto com o médico veterinário, uma vez que avaliação clínica, emissão de laudos de saúde e diagnósticos de doenças é uma competência específica desta profissão. O aconselhamento genético de qualidade só pode ocorrer com a documentação correta dos animais envolvidos (pedigrees), e com a participação do médico veterinário realizando avaliações clínicas de seus pacientes.
Veja exemplos de como o aconselhamento genético pode auxiliar a sua criação:
1) Na análise do coeficiente de consanguinidade (ou endogamia) de suas ninhadas... Com endogamia muito elevada, o risco de nascimento de filhotes doentes é alto. Com endogamia baixa demais, é difícil repetir características desejáveis dos pais. 2) Na decisão no momento de adquirir novos padreadores e novas matrizes... Analisando a composição genética de sua criação, é possível auxiliar no sentido da escolha de novos animais que irão contribuir para o objetivo de sua criação. 3) No aumento de chances de produção de filhotes saudáveis... Todas as raças têm doenças que são muito comuns e que podem ser controladas com o método correto de criação. Criadores responsáveis levam em conta a saúde dos pais, mas nem sempre isto é suficiente. O aconselhamento genético pode contribuir para o controle de doenças comuns como a displasia coxo femoral, a luxação de patela, a persistência do ducto arterioso, entre várias outras. 4) Na previsão das pelagens possíveis em uma ninhada... Alguns tipos de colorações de pelagens podem ser previstas apenas através da análise das cores dos pais, e algumas vezes também dos avós. Nem sempre o exame de DNA é necessário para isto, embora ele possa auxiliar em muitos casos.
5) Na emissão de laudos genéticos para os filhotes de uma ninhada... No caso do processo de reprodução dos animais ter ocorrido com todo o cuidado necessário para diminuir a chance de filhotes que tenham doenças genéticas, é possível emitir um laudo relativo à saúde esperada do filhote. Este laudo pode informar questões sobre o grau de consanguinidade e seu significado, chances aproximadas de doenças multifatoriais (como doenças ortopédicas, por exemplo), e resultados de exames de DNA dos pais, e o que os mesmos significam para os filhotes. Em uma criação que prime pela saúde da ninhada, este tipo de documento demonstra para o comprador a qualidade do trabalho do criador, e agrega valor ao filhote. 6) Na escolha de testes de DNA adequados para cada raça... Existem várias doenças cujos testes de DNA já estão disponíveis no mercado internacional, e até mesmo no nacional. Exames de DNA podem ser muito úteis no controle de doenças sérias, e em alguns casos podem até garantir que os filhotes não irão desenvolver a doença testada. No entanto, a escolha dentre os testes disponíveis deve ser orientada por um profissional, de maneira a otimizar os gastos do criador.
A importância do exame de DNA:
No atestado de paternidade e maternidade: quando você adquire um novo cão para sua criação, é muito interessante que o pedigree do mesmo tenha o atestado de paternidade e maternidade, pois é a única prova de que a filiação atestada no documento é verdadeira. Infelizmente, alguns criadores falsificam o pedigree de seus filhotes, e registram os mesmos como filhos de grandes campeões, e quando você adquire um animal com este tipo de atestado, não poderá ser enganado por este tipo de golpe. No mesmo sentido, um filhote de seu canil que tenha o atestado de paternidade e maternidade através do exame de DNA, será muito mais valorizado pelo comprador. Quando você envia material de seus cães para este tipo de teste, o perfil genético do mesmo fica armazenado no laboratório, não sendo necessário testá-los novamente para novas ninhadas: nestes casos você deverá testar somente os novos filhotes. Alguns órgãos de registro já possuem locais para inserir dados de paternidade no próprio pedigree.
No auxílio à determinação de pelagens da ninhada: algumas raças possuem uma enorme variação de colorações, comprimentos e tipos de pelagem. Dependendo do caso, é possível determinar quais serão os tipos de pelagens da ninhada somente avaliando externamente a pelagem dos pais. No entanto, em outro casos, o exame de DNA pode ser de grande ajuda nesta previsão. Porém, atenção: laboratórios oferecem uma grande variedade de testes para pelagens, mas somente alguns são interessantes de ser feitos para a raça que você cria. Procure auxílio no momento de fazer um teste deste tipo, pois é possível que você nem precise realizá-lo. O trabalho de aconselhamento genético pode ser muito útil neste momento.
Como exame complementar no diagnóstico de algumas doenças: dependendo do conjunto de sinais clínicos de seu animal, pode acontecer de o médico veterinário não conseguir chegar a um diagnóstico definitivo. Neste caso, o exame de DNA pode ser útil, para a confirmação de alguma suspeita clínica. No entanto, muita atenção no momento de escolher qual exame de DNA realizar, pois laboratórios oferecem diversos exames diferentes, e alguns podem não ser adequados para a raça que você cria. Você pode indicar nosso trabalho para o médico responsável pela sua criação, pois o trabalho de aconselhamento genético fica com uma qualidade ainda maior quando é feito com o conhecimento clínico deste profissional.
Na detecção de animais portadores de mutação, para a realização de cruzamentos seguros: a maioria das raças têm doenças genéticas (dominantes ou recessivas) que afetam mais de 1% dos animais - podendo chegar a mais de 10% dependendo da doença e da raça. No entanto, muitos animais portadores da mutação passam desapercebidos pelo criador, ou porque são saudáveis durante a vida inteira (no caso de doenças recessivas) ou porque o portador ainda não chegou na idade de manifestar os sinais clínicos (no caso de doenças dominantes). A detecção de animais portadores assintomáticos é de extrema importância, para a reprodução, uma vez que o cruzamento com animais não portadores (normais) garante uma ninhada sem a doença em questão. No entanto, muita atenção no momento de escolher qual exame de DNA realizar, pois laboratórios oferecem diversos exames diferentes, e alguns podem não ser adequados para a raça que você cria. Parte do trabalho de aconselhamento genético é indicar o exame de DNA mais adequado para sua raça, além de quais animais devem ser testados.
Na detecção de animais que irão desenvolver doenças de início tardio: diversas doenças genéticas se manifestam no animal adulto, e para algumas doenças estes animais não têm sinal clínico algum até os 7 ou 8 anos. No entanto, quando estes animais começam a demonstrar os primeiros sinais da doença, infelizmente já foram reproduzidos, e deixaram a mutação para seus filhotes. A detecção precoce destes animais não só permite um melhor acompanhamento e manejo dos sinais clínicos quando os mesmos começam a aparecer, como pode impedir que sejam feitos cruzamentos sem controle, e que a doença genética seja disseminada.
Na determinação de risco aumentado de desenvolver doenças de início tardio: quando a doença é causada por um conjunto de fatores (genéticos e ambientais), e não somente por uma única mutação, o exame de DNA é capaz de determinar somente o aumento ou não de risco de desenvolvimento da doença. O criador deve ter muita atenção para o que este tipo de exame determina, pois como a mutação testada não é o único fator relacionado com a doença, um teste "positivo" para a mutação não significa que o animal terá a doença, assim como um teste "negativo" não significa que o animal está livre de apresentar o problema.
Ficou interessado em saber como o aconselhamento genético pode auxiliar na sua criação? Veja aqui algumas possibilidades de laudos fornecidos neste processo.
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