Navegando pela internet, encontrei esse artigo muito interessante sobre a importância da gordura na alimentação canina. O artigo cai como uma luva, principalmente em razão do hábito cada vez maior de alguns proprietários de inserir na dieta de seus cães alimentos consumidos e apreciados pelos humanos (frutas e legumes apenas para citar 2 exemplos).
“De alguns anos para cá, alimento gorduroso passou a ser visto como veneno. Alguns até pregam a mesma filosofia em relação à nutrição dos animais. Aí existe um grande engano! Cães e gatos apresentam um metabolismo diferente do humano. Sua alimentação carnívora faz com que estejam capacitados a digerir e aproveitar uma quantidade maior de gordura. Não existe para cães e gatos, por exemplo, o problema de colesterol sangüineo elevado, que tem levado a uma série de debates e preocupações no homem. Estes nutrientes, por outro, têm sua função no organismo, seja do homem, do cão ou do gato. No caso dos animais, oferecendo uma ração de qualidade, devidamente balanceada, essa preocupação até perde um pouco o sentido, já que a gordura aparece na quantidade necessária. Não é de hoje que a gordura e os ácidos graxos poliinsaturados (ômega 3 e ômega 6) são estudados por especialistas em alimentação de pequenos animais (cães e gatos). E o que se tem constatado é a importância dessas substâncias para manter em perfeita harmonia as funções orgânicas, o que só multiplicou os trabalhos científicos em torno desses ingredientes, aumentando o conhecimento sobre seu metabolismo. Por se tratar de um tema complexo, é importante ter-se uma definição do que são e qual a sua importância para a alimentação de pequenos animais. Então vamos lá. Os AG são ácidos caboxílicos e sua composição varia de 2 a 24 átomos de carbono. A saturação das ligações entre os carbonos é que classifica os AG em saturados, monoinsaturados (uma dupla ligação) e poliinsaturados (mais de uma dupla ligação), estes últimos não podem ser sintetizados pelos animais, sendo nutrientes essenciais da dieta. As gorduras consistem em esteres de ácidos graxos com uma molécula de glicerol, em outras palavras são constituídas por três moléculas da ácidos graxos unidas a uma molécula de glicerol. Quando uma gordura é digerida no intestino, as enzimas quebram as ligações dos ácidos graxos com o glicerol, e assim o organismo os absorve. Os ácidos graxos poliinsaturados também têm uma classificação. São divididos em vários grupos, sendo os mais importantes os de ômega 3 e os de ômega 6. Essas divisões ainda geram certa confusão no mercado, pois em muitas embalagens de rações a descrição da composição do produto mostra as quantidades de ácido linoleico e ácido linolênico sem especificar se é da família 6 ou 3. Veja no quadro abaixo, que o ácido gama-linolênico é da série 6 e o ácido alfa-linolênico é da série 3.
Classificação dos ácidos graxos
Ácidos Graxos 6 – Ácidos Graxos 3 Cis-linoleico (AL) Alfa-linolênico (AAL) Gama-linolênico (AGL) Eicosapentaenóico (AEP) Aracdônico (AA) Docosahexaenóico(ADH)
GORDURAS De acordo com o Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, óleos e gorduras de origem animal são produtos obtidos de tecidos de animais nos processos de restituição ou extração. Os óleos podem ser de aves e de peixes e as gorduras de sebo bovino e gordura de suíno. Esses ingredientes otimizam a digestibilidade e, principalmente, a palatabilidade das rações. Para cães, por exemplo, a presença de óleo de frango e sebo bovino é um ótimo atrativo. Já para gatos, o óleo de peixe é o destaque. Uma de suas principais funções é fornecer energia para os animais. Uma grama de gordura tem mais do que o dobro de energia que uma grama de carboidrato. Quando se fala de gordura, é preciso deixar um ponto muito claro. A gordura é essencial ao perfeito funcionamento do organismo dos animais. Animais que se exercitam e são tratados com uma dieta balanceada dificilmente sofrerão com a obesidade. Por isso, é bom ter muito cuidado com cães e gatos que ficam presos, que não tenham opções e oportunidades de andar, correr, saltar, brincar e fazer uma série de atividade a que estão acostumados, especialmente quando mais novos. Na idade mais avançada, é importante que os donos incentivem seus animais a desenvolver alguma atividade física. Essa atitude não só evita a obesidade como ajuda a manter o animal ativo e saudável.
Ácidos Graxos Alguns ácidos graxos poliinsaturados são essenciais ao organismo animal. O mais importante é sem dúvida o Ácido Linoleico (AL), da série 6. Reconhecido como essencial há mais de 30 anos, a falta deste na dieta ocasiona problemas de pele, queda de pelos, descamação (caspa), coceira, hemorragia de pele e problemas reprodutivos. Para que a ração proporcione ao animal uma pelagem brilhante e macia, esta deve conter níveis adequados deste nutriente. Alguns óleos vegetais, como o de milho e soja, são ricos deste ácido graxo. Entre as gorduras animais, este é mais abundantes no óleo de frango, o que garante melhor valor nutricional às rações oferecidas a animais domésticos. A partir do AL os animais sintetizam os ácidos graxos essenciais derivados da série 6, como o Ácido Aracdônico (AA), que desempenha papel igualmente importante nas funções metabólicas e estruturais. Vale ressaltar que os gatos não são capazes de sintetizar o AA, necessitando que suas rações já o contenham pré-formado. É por isto que suas rações contêm derivados da carne e músculo em sua composição, pois os lípides do músculo são ótimas fontes deste ácido graxo. Mais recentemente tem-se dado mais importância aos ácidos graxos da série. Óleos de peixes marinhos de águas frias são a principal fonte destes nutrientes. Seu estudo advém do fato destes poderem ser utilizados como coadjuvantes no tratamento de várias doenças, desde que adicionados corretamente às rações. Confira:
pode aliviar a dor associada a displasia coxo-femoral; pode auxiliar no controle do prurido em cães com atopia, alergia alimentar e dermatite alérgica por picada de pulga; pode melhorar quadros inflamatórios e/ou doenças autoimunes; reduz a formação de trombos; pode inibir a gênese e reduzir o crescimento de tumores.
Funções Os ácidos graxos poliinsaturados das séries 6 e 3 são componentes estruturais da membrana celular, sendo parte integrante de sua estrutura lipoprotéica. Quando existe deficiência orgânica destes nutrientes, a membrana da célula perde suas características normais, e como conseqüência tem-se problemas de pele. São também precursores de um grupo de substâncias denominadas eicosanóides. Estes atuam como hormônios locais na regulação de processos fisiológicos, inclusive os processos inflamatórios, que sofrem influência da proporção dietética de ácidos graxos 6 e 3. ” FONTE: Revista Alimentação Animal Sindicato Nacional da Indústria Alimentação Animal – SINDIRAÇÕES R Claudio Soares, 160 – CEP 05422-030 – São Paulo-SP E-mail: sindiracoes@uol.com.br
Gilberto Medeiros
Colaborador do Bullblog e Criador de Bulldogs desde 2003
Canil Reserva do Rei
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